sábado, 24 de abril de 2010

Astronauta


10 anos de idade, mais ou menos, e o sonho persistente em ser astronauta. Na época, não sabia ainda que para isso deveria estudar 25 horas por dia, 8 dias por semana, milhares de cálculos, estudos de matemática primeiro, depois física, química, e mais física, cálculos, astronomia, engenharia, etc etc etc. Depois passou a saber disso, e a expectativa não era mais a mesma.


Mas eram lindos sonhos, realmente. Um foguete numa folha de papel desenhada, em traços feitos à lápis, bem clarinho primeiro, pra depois escurecer e dar tons mais fortes, como sombras e relances. Adorava desenhar também (já estava quase esquecendo de mencionar).


Desenho era mais do que um hobby, às vezes. Eram historinhas em quadrinhos, inclusive, que gostava de ilustrar. Tudo muito bem organizado, que uma vez ou outra as vendia por meros 10 centavos, 25 centavos. Começou a desenhar dinossauros, depois bonecos de guerra, estilo Cavaleiros do Zodíaco (que saudade...), robôs, jogadores de futebol e basquetebol...


Só que o sonho mesmo era ser astronauta. A lua era algo fascinante, como ainda o é. Planetas, estrelas, galáxias, extraterrestres, buraco negro, nebulosa, universo. Tudo espetacular, fascinante, longe de qualquer compreensão humana, distante dos pesadelos invencíveis, perto de sonhos tão bonitos.


O ser humano é assim mesmo: possuidor dos pesadelos mais horríveis possíveis, e detentor dos sonhos mais lindos que se possa imaginar. Um enigmático ser, que não há chave para se decifrar. Um astronauta à beira do colapso interplanetário. Um boom do milênio, explosões ininterruptas do sol, sombra das luas de Saturno. Sempre distante de seus objetivos, nunca concretizados a médio prazo.