segunda-feira, 13 de junho de 2011

Quarta Carta

Caro Kruschev,
apaguei e rasguei, como se fosse realmente uma correspondência, a terceira carta. Por motivos infelizes, erro deste péssimo usuário da internet, ela se foi pelo tempo.
Ora, ora. Tempo novamente. Escorrendo pelas nossas mãos. Vivenciando a cada dia a morte lenta que vai nos deteriorando por dentro. Tudo indo embora, em questão de pouco tempo ao longo alcance, um curto espaço a médio prazo, aplicação sistemática da lentidão da escuridão eterna do vazio, sentimentalmente discorrendo, ou, como queira, que se exploda essa droga de sentimento!
Fiquei por vezes à espera de algo. Talvez durante uns 10 anos. Lembro-me da vez que você me contava suas histórias, ainda em meados da década 00-10 do século XXI (eu sinceramente não sei como se chama essa década... você sabe?), ê período complicado.
Um tal padre falava na rádio: quem estava triste com esses sentimentos devia, pensando bem, se orgulhar e dizer: "estou vivendo, durmo e acordo respirando um novo dia". Fiquei pensando isso há bastante tempo. Sem querer ser chato, mas é isso mesmo. Não consegui encontrar outra resposta para essas lamentações, como já dizia alguém.
Vivo e morro lentamente. Talvez você possa me dar mais algumas explicações sobre isso, não é amigo?
Por ora, aquele abraço.
Pseudo.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Segunda Carta


Caro amigo Kruschev,


eu não mais me arrependo do que fiz, ou deixei de fazer. Tentei ser um cara legal. Tentei seguir meu coração. Mas, por vezes, senti que o mesmo temia eu parar de bater. Bati nele muitas vezes, daí conseqüentemente o mesmo voltava a bater.


Eu tentei ser bom, de verdade. Fiz algumas coisas boas. Meio inconseqüentes, eu sei, mas não passava da minha cabeça. Só que não me arrependo. Não de falar "se pudesse faria tudo de novo". Não, nada disso.


Eu fui posto em xeque algumas vezes, inesperadamente. Totalmente inesperado. Ali, do nada. Puf! Aparecia a oportunidade. Aparecia, eu logo pensava, e pensava mais um pouco: "cara, e aquilo que você tanto pensava antes? E seus sonhos? Jogará fora? Assim, simplesmente?" Mas era muito rápido. Logo, puf! Foi embora...


Eu não diria mais que fui amaldiçoado. Realmente, de verdade, é possível pensar sim que eu fui. Porém era muito coisa de cabeça, entende!? ACreditava que tinha sido amaldiçoado, zica braba, macumba, galinha preta, gato preto! Não fui.


Maldição não me pega, isso está comprovado. Sou abençoado, protegido eternamente pelo mais lindo dos anjos, pela pessoa mais maravilhosa que existe no mundo, que sempre me guiará, me protegerá, ainda que eu esteja no vale das sombras, num poço sem fundo, num túnel sem fim, na lado mais sombrio da alma humana, onde eu tenha que batalhar contra mim mesmo.


Talvez, Kruschev, seja isso mesmo: eu fui minha própria maldição, exatamente por achar uma coisa que não existia.


Que isso seja guardado entre nós.


Abraços,


Pseudo.

sábado, 23 de outubro de 2010

Primeira Carta

Caro amigo Kruschev,


idas e vindas, desespero melancólico, alegria instantânea, lugares comuns, aparições espontâneas, cotidiano brutal, viagens memoráveis... Foram tantos anos ao seu lado, mas que resumi-los em poucas palavras é algo extremamente difícil.


Você sempre ali, paciente, porém ao mesmo tempo triste e sonhador, com todas as suas aventuras em mente, perdidas na desilusão da realidade cruel e voraz.


Você sempre apaixonado, por mais de uma ou duas, ou três... porém nunca idealizador das apaixonites agudas, inflamação do coração que tenta pulsar, que busca pulsar mais e mais ao lado dela(s), só que nunca ganhou nada em troca, nem ao menos um exame cardíaco grátis.


Você que sempre lutou pelo bem, que não se deixava vencer quando encontra em seu caminho um "não", porém jamais deixou de chorar pelas conquistas perdidas, pelas notas ruins nos exames rotineiros da comunidade acadêmica, na injustiça latente que permanece nos quatros cantos do universo, mesmo que nem com você fosse direcionada, mas sim com uma outra pessoa que sequer sabia de sua existência cósmica.


Você sempre relutante nas saídas noturnas quando do outro lado estava aqueles referidos exames rotineiros. Você que, embora relutante nesses períodos, não deixava também que nada o atrapalhasse na incansável tarefa de consumidor grandes quantidades de substância alcoólica (já como dizia Cas, perto do apocalipse), mesmo que culminasse em visões póstumas de uma saúde que já não era assim muita coisa.


Você, que me acompanhou a vida toda, sabe do que eu falo. Não sou nenhuma Mariana para escrever corretamente e com as emoções que esta carta deveria ter. Mas você me compreende, e eu seu disso mais do que você sabe. Por isso me compreenda, e não abra o jogo em momento algum. Um sentimento aprisionado também precisa de sua progressão de regime, e quando ele passar do fechado para o semi-aberto, aí sim, já poderemos ver dias melhores.


Saudações,


Pseudo.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Miguel e a Prostituta


Os olhos nem conseguiam fixar mais direito a tela do computador. Afinal, uma sexta-feira, ainda com 23 anos e uns 10 meses incompletos de idade, mas depois de uma semana trabalhando em frente ao cpu, não dá. Cansa.


O pior de tudo é que ainda continua a usá-lo para fazer o que mais gosta: escrever.


Novamente volta aquele sentimento que já analisava o profeta que morreu da pior doença até então existente. Mas, novamente também, tentou se esquecer e concentrar.


Eram difíceis tempos. Esses anos "pares" parecem ser assim mesmo: 2004, 2006, 2008... agora 2010. Talvez aquele cara da Tv estivesse com razão (mesmo ao falar tanta bobagem) a respeito de "números" - astrologia - destino das pessoas. Se um tanto ele acredita, ainda é muito, porém já não vale mais a pena acreditar.


A tendência é seguir lendo as escrituras sagradas durante as viagens de ônibus. Se Miguel pudesse nos ajudar sempre nas batalhas diárias... Rezaria todo dia por isso. O dia-a-dia cada vez mais tenso que cada um dessa gente passa, meu Deus! (Se bem que Ele não está mais "tão aí"para todos, uma vez dado o livre-arbítrio para cada um)


Uma questão um tanto que polêmica, já diria pseudo (que, aliás, nem gosta de entrar nessas questões). O começo pelo final é sempre o maior triunfo (até então...), diria também pseudo. O começo pelo fim fez ele acreditar em mais um monte de coisa para começar novamente a acreditar em desacreditar de tudo de novo! E isso era a grande jogada em voltar à tela do computador e escrever esses breves ditongos e hiatos.


Sucumbo-me.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Há 10 anos...

Nem gostava de ler muito naqueles perfis de páginas pessoais aquelas tantas frases de efeito que os nefastos internautas colocavam.


(Obs. preliminar: O pseudo sabe também que é um zero na perfeição da leitura e da escrita, sobretudo a escrita)

Mas um dia leu um negócio (como sinônimo de coisa, algo, objeto, ser, ou seja, qualquer coisa que você imaginar lá estará a palavra negócio para te satisfazer) que estava justamente nessas páginas, tendo acessado por meio do perfil da sua cachorrinha. Sim, porque nem gostava mais desses negócios (veja! novamente a palavra!). Havia terminado tudo no dia do seu aniversário. Era um verdadeiro presente para ele. Acabar com aquilo. Ou pelo menos parar de vê-la. Até parou... por um tempo. Voltou. Mas voltar a parar. E seguiu.

Voltou, e leu aquele negócio, já numa outra página. Dizia algo em torno de como eram as coisas (agora, coisa como sinônimo de negócio, que daí o leitor já sabe o que é) há uns 10 anos. Mais ou menos assim:

[...] "As crianças íam a parques de diversão e não tinham problemas de visão nem obesidade dados pelos videogames e computadores. McDonald´s custava R$4,00, e Kinder Ovo, R$ 1,00. Os casamentos duravam mais, ou pelo menos duravam alguma coisa. Biscoitos Fofy e Mirabel existiam. Leite não era diluido com água oxigenada. A piada do Grapete era engraçada. Para ser presidente eram necessários 10 dedos e um mínimo de alfabetização. Meninas de 11 anos brincavam de boneca, e não saíam para exentric "pegar geral". Plutão era um planeta. Festas de 15 anos não eram eventos. A intenção num show era ver o show, e não brigar. Pessoas realmente se conheciam e não apenas pela internet. As amizades eram valorizadas. Fotos eram tiradas para recordar um momento, e não para servir de book no orkut. Diesel era combustível. Merthiolate ardia. A gente assistia desenho japonês no sábado de manhã, e brincava de bola de gude e pique bandeira à tarde, e de noite a gente bebia nescau e assistia família dinossauro, criança era criança, não ficava o dia todo na internet perdendo a sua essência.. Há uns 10 anos atrás... [...]"

Interessante observação, porque é isso mesmo. Fora os erros de português, que foram (pelo menos alguns que o pseudo sabia) consertados, o texto é simples e completo, tão real que machuca.

As "crianças" estão perdendo sim sua essência. O pseudo lembra que até os 15 anos nem gostava muito de sair. Ficava em casa, tentando assustar, jogava futebol às sextas à noite na pracinha do Boa Praça. Tinha o patins, moda que chegou em 1994 mais ou menos. Adorava andar também de bicicleta. Mas, hoje? Como estão as coisas hoje, entre as "crianças"?

Umas, de 13 anos, já vão naquelas micaretas, onde os bombadões saem agarrando à força a mulherada, essas entupidas de vodka com energético, comprado pelos próprios playboys que logo depois tentam - e conseguem - arrancar-lhes um beijo na boca, passar a mão na bunda e vazar fora para partir rumo a outra gatinha.

Outras, não sabem o que é patins, bola de gude, pique bandeira... O grande objeto de brincadeira é o computador. Tanto o é que naquelas brincadeiras onde quem ganha escolhe um presente/brinquedo, de pronto as "crianças" respondem: "Quero computador" (isso quando não falam: "quero 1 mil reais").

A essência da vida vai se perdendo, acabando... E o mais interessante de tudo, voltando novamente ao texto por inteiro coletado na página pessoal de uma pessoa na internet, é que logo no início de mesmo texto saudosista dizia assim: "Há uns 10 anos o "te amo" não era banalizado".

VERDADE! Ó, sentimento banal! Frase idiota! Idiotice pura sentir isso! Fuja desse sentimento! Corra! Pra bem longe!! (...mas pra perto dela)

terça-feira, 27 de julho de 2010

Cidade


"Hipócritas!", gritava ele, "bando de hipócritas". Já diziam que comungar faria bem à alma, às vezes para eles. Porque ainda se entupiam de atitudes nefastas, nem se importando com aquilo ao seu redor, contrariando suas próprias vidas.


Uma cidade - no seu sentido de "centro", como já dizia uma senhora tempos atrás àquele menino de pobre e fértil mente - a mais podre possível, mas nem tanto assim, convenhamos, ao analisar todas as outras arranha-céus´ cities.


Um correndo pra lá, outra acolá, outro naquela direção, e mais outro, e mais um, mais uma... aff! E eram justamente aqueles hipócritas que ali trabalhavam. Bando de mercenários, uns idiotas, de fraca alma, esta já condenada até...


Cidade que não sabia o que era, e logo lá iria passar a ir todos os dias. Longos dias. Um tanto perturbadores; outros calmos, iguais soníferos. Mas ainda não se esqueceu deles, aqueles caras. Uma salva de palmas para os hipócritas: porque eu também faço parte. E você também, meu querido.

sábado, 17 de julho de 2010

(Des)esperança


E nem sempre é do jeito que você quer. A gente sonha, e sonha, e sonha. Mas às vezes não dá. Pode pedir ajuda a Deus e tudo o mais. Mas às vezes não dá. O avião atrasa, a prova tá marcada pra um horário, te atrasam e tudo o mais, você chega, faz a avaliação, mas às vezes não dá.


Você sonha com ela. Todo dia, praticamente. Mas às vezes não dá. Um tempo todo de distância. Entre os dois um tempo todo de distância, espaço e tempo juntos. Não dá. Não deu. Nunca dará certo.


Uma certa desesperança paira no ar, enquanto aquele "my manta ray is all right" toca no ouvido, entupindo o cérebro de dor de cabeça, agravada mais ainda pelo futebol jogado há pouco tempo, um golzinho e tá bom pro pseudo.


Uma certa desesperança ainda continua pairando no ar. Pensa em sair, não sabe. Pensa em ligar pra alguém, mas também ainda não sabe. Liga pro Dr. Ele responde que havia comprado um quilo de picanha. Talvez isso até animasse... mas não dá pra animar.


Era o dia dele mesmo. 17 de julho. Quem dera se fosse igual 2006. Um dia raro, afinal. Um dia entre poucos. Igual aqueles antes da prova de IED. Acordava 4 horas da manhã pra estudar. Nada em vão. Talvez teria que fazer isso tudo de novo? No sacrifício?


Claro, nada é de mão beijada, assim dando logo pra você: "ó, toma que é seu". Nada. Sinceramente, às vezes não dá. Às vezes não dá mesmo. E normalmente são essa vezes. Quando não, o mundo se enche de alegria para o pseudo. Um mundo contornado de desesperança, mas que tende, mais dia ou menos dia, virar toda a situação. Esperança, essa é a palavra.