segunda-feira, 23 de junho de 2008

Lembranças de uma tarde de janeiro


Com poucas palavras começaremos a nos embriagar. Que fosse somente uma dose, ou duas, de poucas palavras, nem tão poucas assim, mas suficientes para não viajar mais na segunda classe, ou não. Que fosse um reviver econômico de palavras e doses etílicas, mas que não deixasse nunca, jamais, o rugido da raiva se despertar como uma sombra profunda nas entranhas do fim daquele mês.

Deixa-se mais um tempo, mas não a deixaste jamais. Viraria para um lado com o intuito de expelir aquele horrendo vômito, sugado pela terra fofa. Aquele sentimento de férias e alegria, liberdade incontrolada que pairava no rosto de cada um que presenciasse a cena, sabendo que responsabilidade alguma tinha com aquilo.

Mas ainda não se sabia quais eram as palavras pronunciadas, talvez nem se lembrasse mais, como seria o óbvio que acontecesse. Acontecer nem aconteceu nada, nem precisa discutir o que houve porque não houve. Talvez o que fosse o essencial da aproximação já tinha acontecido: o fato de chamarem os dois, simplesmente, de namorados – poucas palavras, mas que são carregadas para uma vida inteira.

Com certeza, mais uma lembrança inesquecível de uma gloriosa tarde de janeiro.

04/09/2006

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