sábado, 16 de agosto de 2008

Um dia 13 de julho qualquer...


Era 13 de julho de 2006. Aniversário do Vovô Léo. Logo ele, Vô Léo. Nem o conhecia direito, porém o achava o máximo, era um ídolo, mas discreto. Admirava-o em tudo: penteado de cabelo, cadeira já pré-escolhida da mesa de refeição, a Brasília, tudo. Diziam que quando eu era novo parecia com ele. Eu queria mesmo parecer com ele. Só que raramente foram as vezes em que nós conversamos, que estivemos juntos. Não havia muito contato realmente, porque também acho que eu era muito novo, ou não dava tanto o valor para uma mera conversa com o vovô.

Por que teve que ser justo no ano em que o senhor veio pra cá pra minha casa, em Vitória, quando passaríamos a ter sim um contato mais próximo, um rindo do outro, com aquele barulhinho que fazíamos com as mãos tentando imitar um passarinho, que o senhor teve que se despedir da gente?

Mas e agora, por que eu tenho que parar de pensar no senhor? As pessoas podem morrer, mas jamais serão esquecidas. Isso eu tenho certeza. Porque, enfim, era dia 13 de julho de 2006. Havia acabado de sair do cemitério, que tinha ido lá, logicamente, pra rezar pro senhor, mais uma vez. Sei que em fevereiro já tinho ido também lá, por um motivo muito especial - infelizmente não aconteceu as coisas como desejado, mas sempre vou aprendendo com isso. Era dia 13 de julho, voltava do cemitério, tinha ido depois pra lan house do meu padrinho. Sabia que o resultado da prova da transferência pra Ufes iria sair só no dia 28 de julho, porque assim estava escrito no edital. Estava totalmente tranqüilo porque já tinha planejado várias coisas pra fazer na Fdv no semestre seguinte. Nem me preocupava tanto, apesar de ser meu sonho desde criancinha, criança mesmo, quando tinha uns 8 anos, voltando da escolinha da Ufes e vendo aqueles estudantes, todos felizes, os vestibulares, os trotes, enfim.

Não esperava que aconteceria logo naquele dia, naquele dia em que havia acabado de rezar por você, em que tinha pedido essa transferência, que tinha pegado um pedacinho do terço que eu havia colocado lá perto do senhor no cemitério, no dia 2 de fevereiro, quando pedi para que uma outra pessoa passasse no vestibular.

Seria nesse dia sim. Especial! Poxa, tantas vezes rezaram por mim naquele ano, preparando-me para o tão esperado vestibular. Que decepção que dei para essas pessoas! Pedi desculpas inúmeras vezes, embora mentalmente.

Lógico, não sou nenhum ser fantástico, extraordinário. Mas uma pessoa eu posso falar com toda certeza que é assim: meu vô Léo. Parabéns para o senhor Vô, por ter me dado essa graça, que iria comemorar mesmo só agora neste sábado (16/09/06).

Parabéns pro senhor, e não pra mim, porque sou ainda um mero expectador de todo o meu idealismo, de sonhos e esperanças não concretizados. Mas com o senhor do meu lado tudo se transforma: os sonhos viram realidade, e a esperança de continuar seguindo em frente se torna meu principal combustível.

Um abraço para o senhor, onde quer que esteja! E pode deixar que na minha colação de grau olharei para o céu, e enxergarei no brilho mais forte das estrelas o seu rosto. Deste dia lembrarei pra sempre e do senhor nunca me esquecerei.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A "Teoria do Coadjuvante"


Um dia meu pai me disse: "Nessa vida você tem que ter tudo 'mais-ou-menos'. Carro mais-ou-menos, mulher, casa". Logicamente, ele não estava querendo dizer pra eu ter uma vida, digamos, vagabunda, que a gente não mereça realmente. Não é isso. Você sim tem que ter tudo que gosta, tudo que mereça ter, mas nunca, jamais, tem que se expor tanto, aparecer para todo mundo, tirar "onda" com seu carro, fazer inveja nas pessoas com a mulher que tem, e tal.

É essa a base da teoria. Você, sempre, deve ser o coadjuvante. Não precisa ser melhor que ninguém, nem pior. Só tem que ter cuidado para não chamar a atenção das pessoas. Ficar na sua. Ir a uma festa e não fazer bagunça, mas se divertir bastante. Ajudar quem precisa de ajuda, mas sem pedir nada em troca, e se possível não se identificar. Sair sempre quando tiver que sair de algum lugar. Não reclamar de nada quando não precisar, mas sempre lutar por aquilo que é o certo. Ter um carro que você mais gosta, mas não o "idolatrar" como fazem vários caras estúpidos que tentam firmar sua virilidade mostrando a máquina de correr. Ter a mulher que sempre quis, não porque ela é linda estilo "top model", mas porque você a ama. Enfim, ser uma pessoa totalmente discreta, mas nunca sem participação naquilo que você tem – e deve – participar, que seja sua função como ser humano.

É dar valor às coisas boas. Valorizar certos conceitos, sentimentos. É ser uma pessoa assim. Então, a Teoria do Coadjuvante diz que sua vida é você quem constrói, porém a construção é feita paulatinamente e com muito esforço. Tudo deve ser feito pensando nas conseqüências, para que você não seja o centro das atenções por aquilo que você fez. Nem quando é coisa boa. A discrição é a melhor coisa, lembre-se disso.

Agora, você é o coadjuvante. Deixe que os atores principais faça o filme. Se fosse um filme, você morreria primeiro, mas depois seria lembrado por todos.