O que acontece no exato momento que uma pessoa resolve acabar com a própria vida? O que ocorre nos momentos logo anteriores a isso? Qual a explicação que se poderá dar para o suicídio? Qual explicação encontraremos para justificar a perda intencional de uma vida humana?
Sinceramente, já diriam aqueles velhos pseudo-idealistas, não existe explicação alguma. Não existe mesmo. "Eu estava grávida e não sabia de quem era o filho", ou "estava grávida e não era do meu marido", ou "não passei no vestibular e estava em profunda depressão", ou "enchi o talo de droga e resolvi acabar com tudo logo depois que descobri que minha esposa me traíu com meu melhor amigo", ou "minha empresa está nas últimas e vai à falência", ou "perdi o emprego e minha mulher não me ama mais", ou "perdi meu filho que amo tanto num triste acidente de carro", ou "minha esposa foi estuprada e assassinada, na minha casa, enquanto os bandidos me faziam olhar para a cena, eu amarrado e sem poder fazer nada, e eles ainda estuprando minha filha menor de idade, logo após acabar com a vida de minha esposa, e até hoje os bandidos estão impunes"... Nada disso justifica a perda da própria vida.
A revolta, por óbvio, é justificável em certos casos (ainda mais nesse último que foi citado). Profunda revolta não combina em nada com desfazimento desse mundo de esperança, expectativa e sonhos que nos possibilita o desenrolar das relações humanas e do mundo em nosso redor. A vida é o bem maior, a vida em primeiro lugar, antes de tudo e de todos. Tudo pode ser contornado. O "jogo da vida" jamais tem seu fim, enquanto se pode viver com esperança e sonhos - sendo que a frase já se apresenta como um pleonasmo, pois viver já significa ter esperança e sonhos.
"Viver", isso que uma pessoa precisa. Chorar, sofrer, rir, conversar com amigos, dar gargalhadas, ouvir música triste, rock´n roll, rir mais ainda, chorar muito mais, sentir pressão no trabalho, curtir as festas, estudar feito um louco para a prova justamente na véspera, sofrer feito um maluco pelo seu time de futebol de coração, conversar com seu colega de sala de épocas passadas pelo telefone, trocar telefone com aquela linda moça que você acaba de conhecer, ler, escrever, rir e chorar mais ainda. Isso tudo é viver. É ter vontade de levantar cedo em plena terça-feira, abrir a janela, respirar profundo, rezar por um dia maravilhoso e sair em busca do mundo.
Sempre existirá uma dor profunda. Disso não há a menor dúvida. Mas só de pensar que uma alegria incontrolável virá após essa dor, passa a ser então a válvula de escape para todo o desenrolar do "jogo da vida".
A vida em primeiro lugar, única e absoluta. O riso fácil no rosto, depois de uma tremenda cicatriz, depois de uma perda, por mais injusta que seja, é a prova real da veracidade da vida. Converta-se à ela, somente a ela, e daí peça para ser iluminado para que nunca, em hipótese alguma, a fraqueza o convença do pior, onde a única solução para improváveis perguntas seja uma partida que não possa mais voltar atrás. (E não se esqueça da alegria de viver)
Um comentário:
Ara - cruz em credo vitu. Vira essa boca prá lá.
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