domingo, 30 de maio de 2010

Desistir?


Aquele início de manhã já revelava o que realmente seria aquele dia, 29 de maio. Foi novamente a eternidade daqueles instantes que duraram 5 minutos faticamente. Ali, foi menos. Uns 5 segundos no máximo. Mentira, uns 2 segundos. Mas, que, por sua vez, valeria por 2 décadas!


Veio essa voz conhecida, chamando-o de longe. Olhou para trás. Sua preocupação em enxergar pessoas e coisas de longe veio à tona novamente. Era um tanto que embaçado a visão. Pensou em consultar um oftamologista um dia desses. Afinal, quando moleque achava "chique" pessoas que usavam óculos de grau. Poderia até ficar bom nele.


Antes de olhar para trás, pensou naqueles 5 minutos. Eternos 5 minutos. Graças a Deus, naquela hora não durou muito. Já havia perdido aquele "medo", ou algo assim, que o fez sentir "surtado" durante bom tempo. Por isso, não ficou tormentado naquele instante.


"Pra onde você vai?". A resposta foi simples e rápida. Estavam na pista de vôo do aeroporto, não podiam ficar ali muito tempo. 10 segundos foram o bastante de conversa. "Que bom te ver". "Igualmente". Talvez até um fosse um sinal do que estaria ainda por vir naquele dia. Mas dali em diante tentou segurar a lágrima. Segurou, respirou, e seguiu em frente. Como se nada tivesse acontecido. Não estava surtado. Comprovadamente.


Voltando à realidade, aquele dia foi especial. Algo de obra divina, dizendo assim. Foi para mostrar que sonhos jamais poderão ser desistidos. Cada batalha e cada conquista deve ser muito comemorada, mas somente na sua hora. Cada conquista é um alavanque para outra. E o combustível que move tudo isso é a fé.


Uma lasquinha de esperança ainda sentia. "A probabilidade é de menos 5% para chegar lá no Rio em tempo", dizia um nobre cidadão no mesmo vôo que ele. E logo ele, que adorava probabilidades, estava em meio a uma que não poderia escapar de considerá-la como a mais triste realidade.


Parabéns, meu nobre cidadão. Você acertou. O pouso foi feito com mais de 3 horas de atraso. E uma lasquinha da lasquinha de esperança ainda era possível ter, mas já morria a cada minuto que passava.


13h30. Mais de 1h e meia de atraso. De repente, ouve-se do segurança do portão do local onde estava ocorrendo a prova: "Corram, e aproveitem para rezar, porque a prova ainda não começou". O portão então foi aberto. Foram os 100m rasos mais rápidos da história da humanidade. Correria total, a esperança brotava. Chegou na sala, antes de entregar a documentação sooava o sinal. Novamente, impedido de fazer a prova. 5 minutos depois, chega o coordenador geral, e desta vez entrada efetivamente autorizada.


Talvez tenha sido só mais uma prova. Mas, para ele, não era bem assim. Foi a "prova". Prova da fé, da esperança, da bondade, da persistência. Prova contra tudo e contra todos. Prova de que jamais deve desistir.


E no final, voltando para casa, já de madrugada, lembrava do começo daquele 29 de maio. Lembrou, inclusive, de uma cartinha de 19 de novembro de 2003, intitulada "Dificuldades". Certa passagem dizia: [...] "Seus desafios pessoais podem parecer extremamente injustos, e provavelmente sejam mesmo. Mas isso não os tornam menos reais, nem faz com que fique livre da obrigação de confrontá-los e vencê-los".

Disso ela tinha razão.

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