sexta-feira, 9 de julho de 2010

Matemática


Veio à tona, numa tarde de segunda, aquela lembrança de 12 anos atrás. Tinha, justamente àquela época, 12 anos de idade, ou algo assim, porque nem sempre a memória de um velho funciona perfeitamente.


Já num acórdão lido essa semana, dizia o Desembargador que "ser velho é estado de espírito. Há muito garoto aí com espírito velho [...]". Talvez, tenha sido uma cutucada neste pseudo que vos fala.


Mas deixando de lado a velhice, que, nem precisava citar o magistrado, mas tão somente lembrar-vos das belas palavras daquela musiquinha do Chaves ("Se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda..."), volto novamente àquela época, que agora já me esqueci qual.


Lembro-me daquela menina, e do nervosismo que pairava em mim instantes antes de encontrá-la (agora me lembrei ao certo, eram 11 anos atrás). Foi tudo tão rápido. Ah, adolescência rápida, ou ainda incessante.


Lembrava dos tempos em que ficava mais em casa. Afinal, estudar para aquelas provas de matemática, ciências e português não era fácil não. Adorava estudar. Cheguei a receber um puxão de orelha do professor de matemática no começo da 8ª série, dizendo que no ano anterior eu não havia estudado suficiente, que eu estava me nivelando por baixo. Lembro, inclusive, da expressão que aquele careca, apelidado de Mestre dos Magos pelos meus amigos, utilizou, de que eu estava descendo uma montanha russa.


O pavor de altura, simplesmente, não sei de onde veio. Me abala profundamente dizer essas coisas, de que nos estudos eu estava descendo uma montanha russa (adoro estudar e tenho medo de altura).


O resultado não poderia ser diferente: média 100,00 no ano em matemática. Parabéns para mim não, parabéns para o Mestre dos Magos, porque soube se utilizar das minhas fraquezas para que esse pseudo pudesse superá-las.


Era uma época boa, convenhamos, apesar dos tristes pesadelos que tinha com seu rosto. Sim, era muito irritante aquilo, angustiante. Talvez nem tenha saído muito de casa justamente por causa disso. E talvez, por isso, tenha aprendido a gostar de estudar, ler e escrever mais e mais. Respostas pedagógicas para uma tristeza que parece não ter fim, marcas que nunca sairão.


E lembro novamente daquela menina, de nome um pouco estranho. Lembro-me dela, mas tudo vem à lembrança junto com ela. Todas as vezes que chorava por algo, que se concentrava nos estudos daquelas "provinhas". Todas as vezes que ía à escola à pé e depois esperava pelo pai para te buscar. Tempos que não voltam, que foram, mas que poderiam ter sido melhor aproveitados.


Só que tudo tem seu preço: se aproveitasse melhor, talvez não gostaria tanto de estudar quanto gosta agora, e talvez não enxergaria as pessoas e seus defeitos do jeito que as enxerga agora. Tudo isso poderia mudar. Um tanto triste, mas poderia também não o ser.


E agora eu tento me concentrar e lembrar de uma coisa. Esta menina tinha uma irmã gêmea, só que agora não me lembro mais quem fazia o coração deste pseudo: ela ou a irmã dela? Enfim, só o nome dela já importa para lembrar daquele passado bem feito.

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