quarta-feira, 28 de julho de 2010

Há 10 anos...

Nem gostava de ler muito naqueles perfis de páginas pessoais aquelas tantas frases de efeito que os nefastos internautas colocavam.


(Obs. preliminar: O pseudo sabe também que é um zero na perfeição da leitura e da escrita, sobretudo a escrita)

Mas um dia leu um negócio (como sinônimo de coisa, algo, objeto, ser, ou seja, qualquer coisa que você imaginar lá estará a palavra negócio para te satisfazer) que estava justamente nessas páginas, tendo acessado por meio do perfil da sua cachorrinha. Sim, porque nem gostava mais desses negócios (veja! novamente a palavra!). Havia terminado tudo no dia do seu aniversário. Era um verdadeiro presente para ele. Acabar com aquilo. Ou pelo menos parar de vê-la. Até parou... por um tempo. Voltou. Mas voltar a parar. E seguiu.

Voltou, e leu aquele negócio, já numa outra página. Dizia algo em torno de como eram as coisas (agora, coisa como sinônimo de negócio, que daí o leitor já sabe o que é) há uns 10 anos. Mais ou menos assim:

[...] "As crianças íam a parques de diversão e não tinham problemas de visão nem obesidade dados pelos videogames e computadores. McDonald´s custava R$4,00, e Kinder Ovo, R$ 1,00. Os casamentos duravam mais, ou pelo menos duravam alguma coisa. Biscoitos Fofy e Mirabel existiam. Leite não era diluido com água oxigenada. A piada do Grapete era engraçada. Para ser presidente eram necessários 10 dedos e um mínimo de alfabetização. Meninas de 11 anos brincavam de boneca, e não saíam para exentric "pegar geral". Plutão era um planeta. Festas de 15 anos não eram eventos. A intenção num show era ver o show, e não brigar. Pessoas realmente se conheciam e não apenas pela internet. As amizades eram valorizadas. Fotos eram tiradas para recordar um momento, e não para servir de book no orkut. Diesel era combustível. Merthiolate ardia. A gente assistia desenho japonês no sábado de manhã, e brincava de bola de gude e pique bandeira à tarde, e de noite a gente bebia nescau e assistia família dinossauro, criança era criança, não ficava o dia todo na internet perdendo a sua essência.. Há uns 10 anos atrás... [...]"

Interessante observação, porque é isso mesmo. Fora os erros de português, que foram (pelo menos alguns que o pseudo sabia) consertados, o texto é simples e completo, tão real que machuca.

As "crianças" estão perdendo sim sua essência. O pseudo lembra que até os 15 anos nem gostava muito de sair. Ficava em casa, tentando assustar, jogava futebol às sextas à noite na pracinha do Boa Praça. Tinha o patins, moda que chegou em 1994 mais ou menos. Adorava andar também de bicicleta. Mas, hoje? Como estão as coisas hoje, entre as "crianças"?

Umas, de 13 anos, já vão naquelas micaretas, onde os bombadões saem agarrando à força a mulherada, essas entupidas de vodka com energético, comprado pelos próprios playboys que logo depois tentam - e conseguem - arrancar-lhes um beijo na boca, passar a mão na bunda e vazar fora para partir rumo a outra gatinha.

Outras, não sabem o que é patins, bola de gude, pique bandeira... O grande objeto de brincadeira é o computador. Tanto o é que naquelas brincadeiras onde quem ganha escolhe um presente/brinquedo, de pronto as "crianças" respondem: "Quero computador" (isso quando não falam: "quero 1 mil reais").

A essência da vida vai se perdendo, acabando... E o mais interessante de tudo, voltando novamente ao texto por inteiro coletado na página pessoal de uma pessoa na internet, é que logo no início de mesmo texto saudosista dizia assim: "Há uns 10 anos o "te amo" não era banalizado".

VERDADE! Ó, sentimento banal! Frase idiota! Idiotice pura sentir isso! Fuja desse sentimento! Corra! Pra bem longe!! (...mas pra perto dela)

terça-feira, 27 de julho de 2010

Cidade


"Hipócritas!", gritava ele, "bando de hipócritas". Já diziam que comungar faria bem à alma, às vezes para eles. Porque ainda se entupiam de atitudes nefastas, nem se importando com aquilo ao seu redor, contrariando suas próprias vidas.


Uma cidade - no seu sentido de "centro", como já dizia uma senhora tempos atrás àquele menino de pobre e fértil mente - a mais podre possível, mas nem tanto assim, convenhamos, ao analisar todas as outras arranha-céus´ cities.


Um correndo pra lá, outra acolá, outro naquela direção, e mais outro, e mais um, mais uma... aff! E eram justamente aqueles hipócritas que ali trabalhavam. Bando de mercenários, uns idiotas, de fraca alma, esta já condenada até...


Cidade que não sabia o que era, e logo lá iria passar a ir todos os dias. Longos dias. Um tanto perturbadores; outros calmos, iguais soníferos. Mas ainda não se esqueceu deles, aqueles caras. Uma salva de palmas para os hipócritas: porque eu também faço parte. E você também, meu querido.

sábado, 17 de julho de 2010

(Des)esperança


E nem sempre é do jeito que você quer. A gente sonha, e sonha, e sonha. Mas às vezes não dá. Pode pedir ajuda a Deus e tudo o mais. Mas às vezes não dá. O avião atrasa, a prova tá marcada pra um horário, te atrasam e tudo o mais, você chega, faz a avaliação, mas às vezes não dá.


Você sonha com ela. Todo dia, praticamente. Mas às vezes não dá. Um tempo todo de distância. Entre os dois um tempo todo de distância, espaço e tempo juntos. Não dá. Não deu. Nunca dará certo.


Uma certa desesperança paira no ar, enquanto aquele "my manta ray is all right" toca no ouvido, entupindo o cérebro de dor de cabeça, agravada mais ainda pelo futebol jogado há pouco tempo, um golzinho e tá bom pro pseudo.


Uma certa desesperança ainda continua pairando no ar. Pensa em sair, não sabe. Pensa em ligar pra alguém, mas também ainda não sabe. Liga pro Dr. Ele responde que havia comprado um quilo de picanha. Talvez isso até animasse... mas não dá pra animar.


Era o dia dele mesmo. 17 de julho. Quem dera se fosse igual 2006. Um dia raro, afinal. Um dia entre poucos. Igual aqueles antes da prova de IED. Acordava 4 horas da manhã pra estudar. Nada em vão. Talvez teria que fazer isso tudo de novo? No sacrifício?


Claro, nada é de mão beijada, assim dando logo pra você: "ó, toma que é seu". Nada. Sinceramente, às vezes não dá. Às vezes não dá mesmo. E normalmente são essa vezes. Quando não, o mundo se enche de alegria para o pseudo. Um mundo contornado de desesperança, mas que tende, mais dia ou menos dia, virar toda a situação. Esperança, essa é a palavra.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Matemática


Veio à tona, numa tarde de segunda, aquela lembrança de 12 anos atrás. Tinha, justamente àquela época, 12 anos de idade, ou algo assim, porque nem sempre a memória de um velho funciona perfeitamente.


Já num acórdão lido essa semana, dizia o Desembargador que "ser velho é estado de espírito. Há muito garoto aí com espírito velho [...]". Talvez, tenha sido uma cutucada neste pseudo que vos fala.


Mas deixando de lado a velhice, que, nem precisava citar o magistrado, mas tão somente lembrar-vos das belas palavras daquela musiquinha do Chaves ("Se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda..."), volto novamente àquela época, que agora já me esqueci qual.


Lembro-me daquela menina, e do nervosismo que pairava em mim instantes antes de encontrá-la (agora me lembrei ao certo, eram 11 anos atrás). Foi tudo tão rápido. Ah, adolescência rápida, ou ainda incessante.


Lembrava dos tempos em que ficava mais em casa. Afinal, estudar para aquelas provas de matemática, ciências e português não era fácil não. Adorava estudar. Cheguei a receber um puxão de orelha do professor de matemática no começo da 8ª série, dizendo que no ano anterior eu não havia estudado suficiente, que eu estava me nivelando por baixo. Lembro, inclusive, da expressão que aquele careca, apelidado de Mestre dos Magos pelos meus amigos, utilizou, de que eu estava descendo uma montanha russa.


O pavor de altura, simplesmente, não sei de onde veio. Me abala profundamente dizer essas coisas, de que nos estudos eu estava descendo uma montanha russa (adoro estudar e tenho medo de altura).


O resultado não poderia ser diferente: média 100,00 no ano em matemática. Parabéns para mim não, parabéns para o Mestre dos Magos, porque soube se utilizar das minhas fraquezas para que esse pseudo pudesse superá-las.


Era uma época boa, convenhamos, apesar dos tristes pesadelos que tinha com seu rosto. Sim, era muito irritante aquilo, angustiante. Talvez nem tenha saído muito de casa justamente por causa disso. E talvez, por isso, tenha aprendido a gostar de estudar, ler e escrever mais e mais. Respostas pedagógicas para uma tristeza que parece não ter fim, marcas que nunca sairão.


E lembro novamente daquela menina, de nome um pouco estranho. Lembro-me dela, mas tudo vem à lembrança junto com ela. Todas as vezes que chorava por algo, que se concentrava nos estudos daquelas "provinhas". Todas as vezes que ía à escola à pé e depois esperava pelo pai para te buscar. Tempos que não voltam, que foram, mas que poderiam ter sido melhor aproveitados.


Só que tudo tem seu preço: se aproveitasse melhor, talvez não gostaria tanto de estudar quanto gosta agora, e talvez não enxergaria as pessoas e seus defeitos do jeito que as enxerga agora. Tudo isso poderia mudar. Um tanto triste, mas poderia também não o ser.


E agora eu tento me concentrar e lembrar de uma coisa. Esta menina tinha uma irmã gêmea, só que agora não me lembro mais quem fazia o coração deste pseudo: ela ou a irmã dela? Enfim, só o nome dela já importa para lembrar daquele passado bem feito.